Minha
experiência com a leitura começou quando tinha 7 anos, no 1ºano. Na minha época
(há 27 anos), não era obrigatório fazer o "Pré" (1º ano atual), por
isso, quando entrei para a escola, fui com toda euforia! Aprendi a ler
rapidinho e queria ler tudo o que via.
Na
segunda série, já lia com bastante desenvoltura e agradeço muito a um vizinho
(“Seu Zé”), avô de Joyce, uma colega de infância. Corríamos pelo quintal de sua
casa, e ele ficava na varanda lendo seu jornal. Ele nos observava e
depois nos desafiava a ler, dizendo:“vem cá, vamos ver se você sabe ler
mesmo”. Embora me
'enroscasse' em alguns termos que não sabia o significado, eu adorava e me
sentia super-importante, pois estava lendo.
Não tínhamos livros em casa, apenas umas
revistas velhas, os livros didáticos e os que minhas irmãs mais velhas ganhavam
eram a nossa diversão. Conheci “I-JucaPirama”, do Gonçalves Dias, “Macunaíma”,
do Mário de Andrade e “Ana Terra” (“O tempo e o vento”), de Érico Veríssimo, na
4ª série. E adorávamos declamar o primeiro (Imaginem o coral que era em casa,
pois somos quatro irmãs: “sou bravo, sou forte, sou filho do Norte...”)!
Eu gostava de ler e, com o passar do
tempo, descobri a biblioteca da escola: a partir daí, virei “rato de
biblioteca”, como diria um colega, quando eu já estava no ensino médio. Lia
gibis, “Júlia”, “Bianca”, revistas, enciclopédias, e estas eu comecei a
“frequentar”, por causa das palavras cruzadas que vinham no jornal. Não
conseguia esperar pela resposta (que só vinha no dia seguinte) do que não
conseguia fazer. Então, corria para lá e foi quando me apaixonei pela mitologia
grega, conheci “Édipo”, “Narciso” e por tantas coisas e histórias maravilhosas.
Mas de todas as leituras, a que mais me marcou foi a de “Meu Pé de Laranja
Lima”, do José Mauro de Vasconcelos, cuja experiência já relatei no fórum anterior.
Mas só pra recordar, li a obra três vezes e chorava toda a vez, mas
me sentia bem com aquela triste história (ainda não sabia da função
catártica da literatura). Na quarta vez, já achei que fosse uma espécie
de “masoquismo literário”, querer reler apenas para chorar. Por isso,
interrompi a leitura e parti para outros “mundos”.
No ensino médio, já um pouco
amadurecida, entrei em contato maior com escritores da nossa literatura e de
outras (posso citar “A confissão de Lúcio”, do Mário de Sá-Carneiro, cuja
leitura me deixou encantada e inebriada). Já na faculdade, como foi dito já no
fórum anterior, para fazer com que o aluno tenha gosto pela leitura é preciso
que o professor seja apaixonado por ela e contagie-o. Eu posso dizer que tive
professores maravilhosos na graduação, e sua paixão pela leitura e pela
literatura. Não me esqueço de uma professora (Cidinha Belchior, "a
cigana"), linda, apaixonada e, quando começava sua aula, parecia que
éramos transportados para outra dimensão. Era uma “viagem” fantástica.
Apaixonei-me mais ainda pela leitura, pela literatura e pelas artes, de modo
geral. Desde então, não parei mais de "viajar" e procuro encontrar e
levar novos passageiros comigo.
(Célia do Nascimento, 34, professora de EF e EM, na rede pública
estadual - Língua Portuguesa, em Bebedouro, SP)
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