segunda-feira, 3 de junho de 2013

Professora Célia do Nascimento

Minha experiência com a leitura começou quando tinha 7 anos, no 1ºano. Na minha época (há 27 anos), não era obrigatório fazer o "Pré" (1º ano atual), por isso, quando entrei para a escola, fui com toda euforia! Aprendi a ler rapidinho e queria ler tudo o que via.
Na segunda série, já lia com bastante desenvoltura e agradeço muito a um vizinho (“Seu Zé”), avô de Joyce, uma colega de infância. Corríamos pelo quintal de sua casa, e ele ficava na varanda lendo seu jornal.  Ele nos observava e depois nos desafiava a ler, dizendo:“vem cá, vamos ver se você sabe ler mesmo”. Embora me 'enroscasse' em alguns termos que não sabia o significado, eu adorava e me sentia super-importante, pois estava lendo.
       Não tínhamos livros em casa, apenas umas revistas velhas, os livros didáticos e os que minhas irmãs mais velhas ganhavam eram a nossa diversão. Conheci “I-JucaPirama”, do Gonçalves Dias, “Macunaíma”, do Mário de Andrade e “Ana Terra” (“O tempo e o vento”), de Érico Veríssimo, na 4ª série. E adorávamos declamar o primeiro (Imaginem o coral que era em casa, pois somos quatro irmãs: “sou bravo, sou forte, sou filho do Norte...”)!
       Eu gostava de ler e, com o passar do tempo, descobri a biblioteca da escola: a partir daí, virei “rato de biblioteca”, como diria um colega, quando eu já estava no ensino médio. Lia gibis, “Júlia”, “Bianca”, revistas, enciclopédias, e estas eu comecei a “frequentar”, por causa das palavras cruzadas que vinham no jornal. Não conseguia esperar pela resposta (que só vinha no dia seguinte) do que não conseguia fazer. Então, corria para lá e foi quando me apaixonei pela mitologia grega, conheci “Édipo”, “Narciso” e por tantas coisas e histórias maravilhosas. Mas de todas as leituras, a que mais me marcou foi a de “Meu Pé de Laranja Lima”, do José Mauro de Vasconcelos, cuja experiência já relatei no fórum anterior. Mas só pra recordar,  li a obra  três vezes e chorava toda a vez, mas me sentia bem com aquela triste história (ainda não sabia da função catártica  da literatura). Na quarta vez, já achei que fosse uma espécie de “masoquismo literário”, querer reler apenas para chorar. Por isso, interrompi a leitura e parti para outros “mundos”.
       No ensino médio, já um pouco amadurecida, entrei em contato maior com escritores da nossa literatura e de outras  (posso citar “A confissão de Lúcio”, do Mário de Sá-Carneiro, cuja leitura me deixou encantada e inebriada). Já na faculdade, como foi dito já no fórum anterior, para fazer com que o aluno tenha gosto pela leitura é preciso que o professor seja apaixonado por ela e contagie-o. Eu posso dizer que tive professores maravilhosos na graduação, e sua paixão pela leitura e pela literatura. Não me esqueço de uma professora (Cidinha Belchior, "a cigana"), linda, apaixonada e, quando começava sua aula, parecia que éramos transportados para outra dimensão. Era uma “viagem” fantástica. Apaixonei-me mais ainda pela leitura, pela literatura e pelas artes, de modo geral. Desde então, não parei mais de "viajar" e procuro encontrar e levar novos passageiros comigo.

                         (Célia do Nascimento, 34, professora de EF e EM, na rede pública estadual - Língua Portuguesa, em Bebedouro, SP)

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